terça-feira, 13 de março de 2012

Exportação de jegue para a China enlouquece internautas

Chinês de olho nos jumentos do Nordeste - alimentação e cosmético
Convênio que prevê a exportação de 300 mil jegues por ano do Nordeste brasileiro para a China está provocando uma revolução na internet. Os chineses utilizam asnos na indústria de cosméticos e de alimentação. Atualmente, abatem cerca de 1,5 milhão de burros por ano, animais criados na própria China, na Índia e na Zâmbia. Querem aumentar esse abate para cerca de dois milhões por ano.
Os asininos brasileiros estão sobrando nos estados que vão da Bahia até o Rio Grande do Norte. O aquecimento da economia brasileira, graças ao crédito fácil e ao financiamento a perder de vista, encheu as cidades nordestinas, inclusive as do interior, de motocicletas, além de ter aumentado a utilização de máquinas pesadas nas lavouras e nas fazendas de gado. Como consequência, os jegues estão sendo subutilizados no trabalho pesado e no transporte.
Os chineses, com tino comercial de milênios, não demoraram a perceber que poderiam tirar proveito dessa situação. Empresários percorreram as fazendas e sítios nordestinos oferecendo crédito para quem se dedicar à criação desses animais para exportação. Como o jegue está abandonado pelas vias e rodovias do Nordeste, a proposta ganhou ares de negócio da China. Criar jegue é muito fácil, não dá trabalho nenhum.
Jegues estão sendo trocados por motos e tratores no NE
O problema começa pela questão cultural. O jegue é um animal adorado e respeitado no Nordeste e em outras regiões do Brasil. Está na música de Luiz Gonzaga, no folclore, no cinema e no teatro, sempre retratado como um animal trabalhador, amigo do dono e que gera pouca despesa e cuidado para quem se dedica à sua criação. Matar jegue para servir de alimento não está no nosso universo cultural. Então, quando se diz que o “bichinho” vai ser criado para depois virar comida e cosmético na China, a indignação é geral.
Ambientalistas já colocaram um abaixo-assinado na internet protestando contra mais esse atentado aos animais. O número de assinaturas já passa de cinco mil e os argumentos utilizados nas redes sociais são inacreditáveis. Alguns deles chegam a manifestar ódio profundo pelos chineses: “esses comedores de cachorro e de burro”. As autoridades do Rio Grande do Norte, que se manifestaram favoráveis ao projeto, estão sendo execradas em tempo integral: “eles defendem isso porque não é a mãe deles...”.
Como o número de adeptos ao manifesto é muito grande, e deve aumentar ainda mais, é possível supor que entre os revoltados encontram-se, certamente, contumazes apreciadores de carne bovina, de carneiro, de bode, de peixe etc. Muitos desses rebeldes adoram uma agradável almoço numa churrascaria, à base de picanha bovina e lombo suíno...
Alguns desses missivistas chegam a criticar o povo indiano porque uma boa parte da população morre de fome, mas não pode comer carne bovina, pois o boi é considerado um animal sagrado. Para os revoltados, “não dá pra entender a ignorância dos indianos”. Agora, os chineses, que não tem nenhuma adoração pelo jumento, não podem ter a pretensão de industrializar a carne de jegue. São execrados nas redes sociais.
É compreensível o respeito e o carinho pelos animais. Ser contra a matança deles é atitude louvável. Agora, não dá pra entender as contradições de pessoas que se dizem defensores da ética, mas na realidade estão sendo simplesmente moralistas.
Nessa discussão, apenas naturalistas, vegetarianos e os religiosos que condenam o uso da carne como alimento teriam direito a erguer a voz. A rigor, só esses cidadãos poderiam assinar o protesto contra a exportação de jumentos para a China. Quem defende, ou mesmo se cala diante da matança e exportação de bovinos, suínos e outros animais, não pode ser contra a comercialização de jumento para outros países... É muita incoerência.
Condenamos a matança de baleias, espécie em risco de extinção. Agora, se o bacalhau – aquela carne supimpa! – estiver correndo risco de sumir dos mares da Noruega ou de Portugal, teremos que ser contra sua pesca, pelo mesmo motivo.
Não é aceitável que se pouse de bonzinho, protetor dos animais, na internet, nas redes sociais, carregando tanta incoerência e contradição no mundo real. O mundo virtual não pode ser um refúgio para as nossas fraquezas e limitações.
Portanto, abaixo os abaixo-mal-assinados da era digital! Enquanto refletimos sobre tudo isso, vamos ouvir a Apologia de Luiz Gonzaga ao Jumento.




O Jumento É Nosso Irmão
É verdade, meu senhor
Essa história do sertão
Padre Vieira falou
Que o jumento é nosso irmão
Ao ao ao ao ao ao
O jumento é nosso irmão
Quer queira, quer não
O jumento sempre foi
O maior desenvolvimentista
Do sertão...
Ajudou o homem na vida diária
Ajudou o homem...
Ajudou o Brasil a se desenvolver
Arrastou lenha...
Madeira...pedra, cal, cimento , tijolo...telha
Fez açude, estrada de rodagem, carregou água pra casa do homem...fez a feira e serviu de montaria
O jumento é nosso irmão...
E o homem...
em retribuição o que, que lhe dar?
Castigo...pancada, pau nas pernas, pau no lombo,
Pau no pescoço, pau na cara, nas orelhas.
Ha...jumento é bom o homem é mal
E quando o pobre não aguenta mais o peso
De uma carga, e se deita no chão...
Você pensa que o homem chega ajuda
O bichinho se levantar? Hu... Pois sim
Faz é um foguinho debaixo do rabo dele
O jumento é bom...
O jumento é sagrado... O homem é mau.
O homem só presta pra botar apelido no jumento
O pobrezinho tem apelido que não acaba mais
Babau, gangão, breguesso, fofarkichão,
Imagem do cão, musgueiro, corneteiro, seresteiro,
Cineiro...relógio, é....ele dar a hora sertã no sertão
Tudo isso é apelido que o jumento tem...
Astronauta...professor, estudante...
advogado das bestas...
é chamado de estudante, porque quando o estudante não sabe a lição da escola
o professor grita logo
você não sabe porque você é um jumento
e o estudante pra se vingar boto o apelido
jumento de professor, porque o professor ensina ele de graça...pos sim, quem ensina ele de graça
é o jumento meu filho...é assim...
A E I O U U
SINONIMO, SINONIMO,
SINONIMO, SINONIMO,
SINONIMO, SINONIMO,
Só não aprende a ler quem não quer
Esse é o jumento nosso irmão
Animal sagrado...
Serviu de transporte pro nosso senhor
Quando ele iria para o Egito, quando o nosso senhor era perritotinho...
Todo jumento tem uma cruz nas costas
Não tem? Pode olhar que tem...
Todo jumento tem uma cruz nas costas
Foi ali que o menino santo fez o pipizinho
Por isso ele é chamado de sagrado
A ha ha...jumento meu irmão,
O maior amigo do sertão
Ele é cheio de presepada sim senhor
uma vez ele me fez uma menino,
que eu não me esqueci mais
quando dar as primeiras chuvas no sertão,
agente planta logo um milhozinho
no monturo da casa da gente, porque dar ligeiro
e é milho doce, dar ligeirinho, ligeirinho
o jumento cismou de ser meu sócio
eu disse eu pego ele...
quando ele invadiu minha roça...he...
eu preparei uma armadilha, cheguei perto dele
comendo meu milho em...vou lhe pegar
ele balançou a cabeça, ligou as Atenas
torceu o rabo torceu, torceu, torceu
deu corda e disparou...
deu um pulo tão danado na cerca
que nem triscou na minha armadilha
correu uns 10 metros, fez meia volta, olhou pra mim e me gozou...seu Luiz...seu Luiz
comi seu milho...e como e como e como e como
filho da peste comeu mesmo...
Mas eu gosto dele...
porque ele é servidorzinho que é danado
animal sagrado... Jumento meu irmão eu reconheço teu valor...tu és um patriota, tu és um grande brasileiro... Eu tô aqui jumento, pra reconhecer o teu valor meu irmão...
Agora meu patriota, em nome do meu sertão
acompanha seu vigário, nesta eterna gratidão
aceita nossa homenagem
o jumento é nosso irmão ao ao ao ao ao ao ao ao

5 comentários:

  1. Bem... eu sou nordestina e não como carne de espécie alguma. A questão é a produção industrial da carne que se come, resultado de processos que causam grande sofrimento aos animais abatidos. Se as paredes dos abatedouros fossem de vidro,nosso apetite por carne diminuiria e outras alternativas alimentares seriam viabilizadas para "matar a fome de bilhões" (como se o negócio bilionário da produção de carne, inclusive na China, estivesse preocupado com isso...)

    ResponderExcluir
  2. Muito legal o post, parabéns Zeca!

    ResponderExcluir
  3. Seu Luiz Gonzada é perfeito! O Jumento é nosso irmão.

    ResponderExcluir
  4. A questão não é a cadeia alimentar; os que serão exportados para a china são os animais que estão soltos na rua, que conviveram com os seres humanos a vida toda, contribuiram para o seu sustento, e são praticamente domesticados;agora que estão idosos, e sem utilidades na visão de alguns, serão sacrificados. Eles não merecem esse fim.

    ResponderExcluir
  5. Anônimo disse...

    A questão principal, na verdade, é não incentivar mais essa comilança desregrada de carne. Seja a pessoa carnivora ou não, o problema que se coloca é justamente a forma como esse animal será tratado neste país- china- que é o mais desrespeitoso e cruel com a vida animal, se é com a humana o que dirá com os animais. Dé uma olhada na forma, so um exemplo, para ilustrar, como eles abatem os bois, cachorro, gatos e os ursos criados na maior das covardias em fazendas - chamadas fazendas de ursos ( retirada de bile e alimentação com requinte de crueldade mesmo)!!! Portanto, esse argumento, de " Ah,mas voces reclamam e comem carne" só ajuda a INCENTIVAR mais ainda esse comercio!!!Estou empenhada em fazer o possivel que estiver ao meu alcance pra evitar essa covardia!!

    ResponderExcluir