O canto maravilhoso de Renata Tebaldi

Renata Tebaldi está entre as três maiores soprano da história, no nível de Maria Callas e Montserrat Caballé. Sua voz de soprano lírico-spinto deu a essa italiana, nascida em Pesaro, no dia 1º de fevereiro de 1922, uma carreira de sucesso, principalmente nos anos 50 e 60 do século passado.

Tebaldi superou completamente a Poliomielite, que contraiu aos três anos de idade, viveu e sobreviveu aos difíceis anos do pós-primeira Guerra Mundial, e estreou no final da segunda grande guerra, no ano de 1944. Dona de uma voz belíssima, capaz de manter a mesma cor em todos os registros, também era conhecida pela extraordinária capacidade de emissão, o que a tornou protótipo da cantora italiana de ópera.

Conta-se uma história de que sua grande rival, Maria Callas, era míope, e não gostava de usar lentes de contatos, muito menos de subir ao palco usando óculos. Certa vez, numa noite de inverno, cantou no La Scala, de Milão, para um público formado em sua maioria por fãs de Renata Tebaldi. Após a apresentação, o público atirou frutas e legumes ao palco. Callas não notou nada, até que se abaixou para pegar um maço de alho-poró. Sem perder a dignidade e sorrindo, perguntou para a platéia então silenciosa: “Onde conseguem verduras tão frescas no inverno?”

As duas rivais selaram as pazes em 1968, quando se abraçaram após uma performance da diva italiana na ópera Adriana Lecouvreur.

Rivalidades à parte, as duas mereceram o sucesso que fizeram por todo o talento que ostentavam. Nada melhor do que ouvir, neste final de tarde de domingo, a belíssima voz de Renata Tebaldi, interpretando Um bel de vedremo, da ópera Madame Butterfly, de Giacomo Puccini.

É respirar fundo e comentar como o fez um jovem amigo do meu filho Ramiro: “Cara, véi, isso é Puccini!". Eu acrescentaria: E isso é Renata Tebaldi.