sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ele, ela e o luar maravilhoso de Brasília

 
Quando era garoto, entrando na adolescência, em Uruaçu, lá pelos meados dos anos 60, tinha verdadeira paixão por uma frase escrita na traseira de uma charrete de aluguel do seu Mané Vermelho, como era conhecido o marido da Florisbela, a dona Flor, vizinha da casa dos meus pais e que gerenciava uma pensão. A charrete passava, e eu ficava admirando a frase: Eu, ela e o luar... Que delícia!
Ontem, quando vi essa bela foto acima do meu amigo Ferreirinha, o fotógrafo Ronaldo Silva (veja matéria sobre ele neste blog), não tive dúvidas: vai pro blog. Juscelino Kubitschek e Dona Sarah, sentados ao luar, em frente ao Memorial, lembraram-me da frase da charrete e dos bons tempos das serenatas no interior de Goiás.
Sim, fazíamos muitas serenatas naquele pequeno Uruaçu, antes cortado pelo córrego Maxombombo e banhado pelas águas do rio Passa-Três, e hoje pousado às margens do Lago da Serra da Mesa. Juscelino também era um apaixonado por cantorias e ajudou a consagrar a tradição das serenatas mineiras, principalmente em Diamantina, sua cidade natal, que já cultivava as serenatas há dois séculos.
Na foto, em Diamantina, no final dos anos 60, JK pousou com jovens artistas mineiros. Alguém pediu para que Milton Nascimento, o Bituca, cantasse uma música. Gentilmente, Milton perguntou ao presidente o que ele gostaria de ouvir. JK apenas cochichou alguma coisa no ouvido do Bituca. Perguntado sobre o que o presidente falou ao seu ouvido, Milton respondeu: “Por favor, toque qualquer coisa, menos Peixe Vivo”.
Todo dia 12 de setembro, data do nascimento de JK, Diamantina realiza o Dia da Seresta. A cidade também promove festivais de serestas. Juscelino chegou a participar da gravação do disco Diamantina em Serenata, em 1967, que acabou saindo com o título de JK em Serenata (veja capa). Depois do AI-5, o Long Play desapareceu e virou raridade de alguns colecionadores. Abaixo duas canções de serestas, interpretadas pelos seresteiros amigos de JK.
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Um comentário:

  1. Eu, ela e o luar... está enterrado na nossa memória. Não há mais.Hoje é eu e eu e ela com ela. O luar já era encoberto pela poluição do porto de Tubarão... para riqueza da nação.

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