Fausto Nilo, cearense de Quixeramobim, é arquiteto, compositor e cantor |
Fausto Nilo é daqueles compositores que admiro muito. Ele está sempre por aí fazendo coisas belíssimas, em parceria com este ou aquele músico. É autor, por exemplo, de Lua do Leblon, em parceria com Lisieux Costa, e que ficou tão bonita na voz de Emílio Santiago. Compôs Meninas do Brasil com Moraes Moreira, e Espinha de Bacalhau com Severino Araújo, que ficou imortalizada pela interpretação de João Bosco.
Foi parceiro também de João Donato, Dominguinhos, Zé Renato, Zeca Baleiro, Ivan Lins e tantos outros. Já gravou quatro CDs: Esquina do Deserto, Casa Tudo Azul, Verso e Voz ao Vivo e Fausto Nilo.
Ele tem uma música composta com Fernando Falcão, que toca lá no fundo da minha alma. A música chama-se Marinheira, e ganhou uma interpretação insuperável da saudosa Nara Leão.
Um trecho da letra diz que “nunca matei passarinho, esse é meu segredo, que a água do rio não pode escutar”. Toda vez que ouvia essa música, eu ficava pensando: "Gente, que alívio! Eu nunca matei um passarinho!". E fui criança justamente em uma época em que caçar passarinhos, com estilingue, era programa corriqueiro.
Devo agradecer a Deus pela péssima pontaria, pois, em todas as vezes que tentei, nunca acertei o alvo. Logo, logo, desisti e fui buscar outras diversões. Acredito que poucos, que moraram no interior e viveram a infância antes do vídeo-game e do computador, podem dizer: eu nunca matei passarinho.
A letra dessa canção é uma obra-prima. Acompanhem-na e ouçam a bela interpretação de Nara Leão. É de arrepiar e ajuda a fechar o domingo em paz.
Marinheira
Nara Leão
Composição : Fernando Falcão / Fausto Nilo
Quando for de tardezinha
Minha companheira
Na beira do rio,
Lá nas marinheiras,
Meus olhos vazios
Vão te espiar.
Minha companheira
Na beira do rio,
Lá nas marinheiras,
Meus olhos vazios
Vão te espiar.
Lembra da lua saindo
Por trás da palmeira?
O Rio é profundo
E a dor, traiçoeira
Tem dedos macios
Pra me pentear.
Por trás da palmeira?
O Rio é profundo
E a dor, traiçoeira
Tem dedos macios
Pra me pentear.
Nunca matei passarinho
Esse é o meu segredo,
Que a água do rio
Não pode escutar.
Viver sem carinho
Me mata de medo;
Eu sei que outro bicho
Vai te cobiçar
Esse é o meu segredo,
Que a água do rio
Não pode escutar.
Viver sem carinho
Me mata de medo;
Eu sei que outro bicho
Vai te cobiçar
Se a tua beleza
Adormece mais cedo,
Eu durmo com medo
De nunca acordar,
Pois o teu cabelo
Me escorre entre os dedos,
E a água dos rio
Vai te carregar
Adormece mais cedo,
Eu durmo com medo
De nunca acordar,
Pois o teu cabelo
Me escorre entre os dedos,
E a água dos rio
Vai te carregar
Acho que foi num domingo,
Foi num derradeiro,
que eu senti no cheiro
nascer meu penar,
um cego menino
vem me contar
Foi num derradeiro,
que eu senti no cheiro
nascer meu penar,
um cego menino
vem me contar
Trazendo a felicidade
Chegou um veleiro
Nas cores mais lindas
Desse mundo inteiro
Lá do terreiro
Eu pude avistar
Chegou um veleiro
Nas cores mais lindas
Desse mundo inteiro
Lá do terreiro
Eu pude avistar
Uma formosa senhora
De olhar estrangeiro,
Que o meu "Sete Estrelo"
Pretende ofuscar,
Que luz irradia,
Arde o seu cabelo
como um pesadelo
A me condenar
De olhar estrangeiro,
Que o meu "Sete Estrelo"
Pretende ofuscar,
Que luz irradia,
Arde o seu cabelo
como um pesadelo
A me condenar
Mudaram o meu nome
Cortaram minha veia
E eu durmo com medo
De nunca acordar
Pois o teu cabelo
Me escorre entre os dedos
E a água do rio
Vai te carregar
Cortaram minha veia
E eu durmo com medo
De nunca acordar
Pois o teu cabelo
Me escorre entre os dedos
E a água do rio
Vai te carregar
Pela primeira vez navego pelo teu blog em busca de informações sobre fausto nilo.. e encontro essa maravilha.. Nara e Marinheira me emocionam desde aquele longínquo romance popular de 1981, que as uniu para sempre.. e mais uma vez ouço em silêncio, olhos molhados.. felizmente também tive a sorte de nunca ter matado passarinho... josé serafim
ResponderExcluirTambém me emociona muito esse casamento de Nara e Marinheiro. Muito lindo. Obrigado
ExcluirEu adoro especialmente este verso da canção e jamais o esqueci. Coloquei como citação em minha página do Facebook, mas só recentemente resolvi tatuar o verso no braço. Fui menino de fazenda e nunca matei passarinho. Não há dúvida de que isso diz muito sobre uma pessoa. E é bom saber que há outros pares pelo mundo. Um abraço, José Carlos.
ResponderExcluirÉ bom saber que temos pares por esse mundão de Deus. Obrigado pela participação.
ExcluirUm abraço para José Serafim e Claudio Fragata. Fico satisfeito de encontrar mais gente que nunca matou passarinho. Obrigado pela participação de vocês aqui no blog.
ResponderExcluirbelo e sensível texto, parabéns!
ResponderExcluir(também nunca matei passarinho)
Obrigado
ExcluirQual é a idéia central do texto?
ResponderExcluirGostaria de saber qual a ideia central que você acha que o texto tem? Ou mesmo se não tem ideia nenhuma... grato pela participação.
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