quarta-feira, 13 de abril de 2011

Carne-de-pescoço e os bons tempos da UnB

Meu amigo Douglas Umberto de Oliveira, dos bons tempos da UnB, tem veia poética e musical. Depois da faculdade, nos afastamos um pouco. Cada um trilhou seu rumo profissional, constituímos família e os encontros tornaram-se raros e casuais. A música, principalmente, passou a ser o elo que propiciava esses encontros nas encruzilhadas da vida.
Foi assim, na despedida de solteiro do músico Ocelo e da jornalista Solange Nunes, onde nos encontramos e tivemos a oportunidade de ouvir, e conhecer, uma dúzia de músicos de excelente qualidade, tocando diversos instrumentos, num sarau inesquecível. Depois, aconteceram outros encontros casuais, sempre ligados à música ou à poesia.
Recentemente, comuniquei ao Douglas e ao Nelson Luís de Oliveira, o Nelsinho, que tinha criado o ZecaBlog, um espaço cultural que estaria aberto aos amigos para sugestões e colaborações, sempre que estivessem dispostos.
Há uma semana, recebi e-mail do Douglas sobre uma composição dele com o músico Leonardo Almeida Filho. O Léo, segundo ele, era um grande amigo e tinha acabado de publicar na internet algumas músicas. Entre elas, estaria Carne-de-Pescoço, com letra que o Douglas tinha feito para “homenagear” o polêmico jornalista e empresário de Comunicação, Assis Chateaubriand, tão bem retrato por Fernando Morais, em “Chatô, o Rei do Brasil”.
Gostei da letra que veio pelo e-mail. Fui até o site e ouvi a música. A parceria ficou boa e a interpretação, valorizada pela voz do Leonardo. Não tive dúvidas, pensei na hora: essa vai para o blog. Será compartilhada com meus amigos, leitores e seguidores. Então, ouçam a gravação e acompanhem a letra.


CARNE-DE-PESCOÇO

Música de Leonardo Almeida Filho
Letra de Douglas Umberto de Oliveira 

Aí... se fosse herói
fazia um trato
chamava o tinhoso
pra minha missão
Esfolava o povo
Fustigava o fraco
E num pulo-de-gato
virava ladrão

Aí... fosse gatuno
dava o pinote
e ia pro norte
Na minha razão
No sertão dava o bote
De ralé a nepote
Ajeitava o malote 
E deitava sermão

Aí... se fosse padre
Deus me livre e guarde
De fazer alarde
Da minha intenção
No missal punha preço
Acertava o meu terço
Do final ao avesso 
Eu virava barão

Aí... se fosse nobre
De fraque e cartola
Tava todo gabola
Da minha invenção
Dava o golpe de Abril
No fiofó do Brasil
Punha crase no til
Pra ganhar eleição

Fosse chefe, decerto
De decreto em decreto
Acertava o concreto
Da minha ilusão
Dava lote e apito
Um “santinho” bonito
E fechava no grito
Com a contravenção

E aí...

Se fosse herói
Da contravenção
Se fosse gatuno
Ganhava eleição
Fosse um sacerdote
Meu sócio era o cão
Se fosse um lorde
Fosse um presidente
Se fosse um banqueiro
Juntava dinheiro
 no estrangeiro
Vendia a nação.

 E aí...

Se fosse o rei
O pai e o patrão
Riscava o “Xis”
Da tua equação
Se fosse um jagunço
Meu luxo, teu chão
Se fosse a morte
Se fosse um artista
Fosse um congressista
Num gesto perfeito
Matava o direito
De se dizer não

Comprava o capeta
com um naco de pão
Comprava o capeta
com um naco de pão
Comprava o capeta
com um naco de pão

Um comentário:

  1. Muito bem Douglas, linda música, linda letra . Contnue para alegrar e abastecer nosso espírto poético . Parabéns !

    ResponderExcluir