segunda-feira, 20 de junho de 2011

Aracy, 23 anos depois, ainda pede passagem

Aracy de Almeida, na foto com Ismael Silva, começou sua carreira de cantora como normalmente começam as cantoras americanas: cantando hinos religiosos numa igreja Batista, no bairro do Encantado, no Rio de Janeiro, no início dos anos 30, década do rádio, de Noel Rosa, Vadico, Ismael Silva, Custódio Mesquita e tantos outros gênios da música popular brasileira. Sempre que escapava da vigilância do pai, fugia para cantar em terreiro de macumba e bloco carnavalesco.
Foi Custódio Mesquita, por intermédio de um amigo da família, quem levou Aracy para o rádio. Nascia para o mundo musical, em 1933, aquela que viria a ser a preferida de Noel Rosa e a principal responsável pela divulgação e preservação da obra do Poeta da Vila.
Mal começou na Rádio Educadora, que depois viria a ser a Rádio Tamoio, Aracy já conheceu Noel Rosa, que a convidou de imediato para “tomar umas cervejas cascatinhas na Taberna da Glória”. Nascia ali uma afinada dupla de boêmios.
Aracy (foto ao lado) era desbocada, mas reconhecidamente uma pessoa culta, que adorava músicas clássicas, lia livros de psicanálise e colecionava quadros de pintores brasileiros, como Aldemir Martins e Di Cavalcanti. No ano de 1950, gravou o primeiro álbum de Noel Rosa, e o segundo no ano seguinte, abrindo espaço para que novos artistas recuperassem a obra do Poeta da Vila. Sua maneira de cantar foi decisiva para definir o rumo do samba cantado por voz feminina.
Na década de 70, Aracy de Almeida foi para a televisão ser jurada de programas de calouros. Primeiro, na TV Globo, na Buzina do Chacrinha; depois, no SBT, no programa de Sílvio Santos.
Morreu aos 74 anos de idade, vítima de embolia pulmonar, no dia 20 de junho de 1988. Hoje fazem 23 anos da sua morte. Poucos conhecem o trabalho dessa que foi a cantora preferida de Noel Rosa. Este blog não poderia deixar de prestar uma singela homenagem a Aracy e a música brasileira. Reproduzimos abaixo uma gravação dela, ao vivo, com MPB4, cantando músicas do duelo musical travado entre Noel Rosa e Wilson Batista; depois,  a bela gravação de Último Desejo.




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