quarta-feira, 15 de junho de 2011

Céu de Brasília em dia de eclipse lunar gera poesia

Eclipse lunar de 15\06\11, às 19h40, em Brasília - Foto de Pedro Ventura

O lado lunático da lua
(José Carlos Camapum Barroso)

A escuridão comeu a lua,
Em pleno céu de Brasília.
O homem que vinha pela rua
Nem notou, nem sentiu a mordida.

Então a lua, entristecida,
Meio amuada, meio contida,
Vestiu-se novamente de noiva:
Vagarosamente embranquecida.

São Jorge respirou, aliviado
Podia continuar a batalha
Eterna com o dragão, pela vida.

Os namorados, enternecidos
Beijaram-se aliviados, escondidos...
Temiam que a lua, enegrecida,
Jamais voltasse a produzir luar...

O que fazer pelas ruas, então?
Voltar pra casa, cabisbaixo,
Pro magnetismo da televisão?

- Não, não! Disse a lua constrangida.
- Eis-me aqui, noiva arrependida,
A clarear todas as noites de suas vidas.

E assim passou o eclipse lunar,
Como passa o passo do exibicionista.
E a lua, ainda lenta, continua a vagar...
Deixando a escuridão amortecida.

 (Brasília, 15\06\2011)



4 comentários:

  1. Que beleza, Zé! Gostei demais.

    "... O homem que vinha pela rua
    Nem notou, nem sentiu a mordida... "

    CDA aprovaria.

    Valeu. Obrigado.

    Douglas

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  2. É um belo poema ! E a lua era cheia !
    Olhar, admirar, elogiar, inspirar...é o que a lua faz ao poeta, lá como se tivesse quieta, nos levando a erguer os olhos e suspirar. Não é à toa que muda o seu perfil, é a namorada de todos, que se enfeita. Parabéns !

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  3. Certa vez li um comentário de Francis Bacon, pintor inglês, sobre como a poesia o inspirava. Para Bacon "os poetas são disparadores de imagens". É realmente incrível, como certas poesias no transportam para imagens e histórias fantásticas como a da Lua sendo mordida pela escuridão. Lindo poema!
    Abraço,
    Ana Luiza Magalhães.
    www.aceitaumcafezinho.com

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