Carlos Drummond de Andrade (foto), o nosso poeta maior, era um homem simples e profundo. Enxergava as coisas como elas são, com a beleza que possuem naturalmente, bastando para isso observá-las. Drummond deu uma entrevista a Leda Nagle, que reproduzo abaixo, para nos ajudar nesta noite de sábado, que teima em esperar o domingo.
O poeta fala das coisas que aconteciam à época, como a rapidez de poesias produzidas e reproduzidas pela velocidade de um mimeográfo. Otimista, ele vê a possibilidade de coisas boas surgirem dali; bons poetas, por exemplo. Drummond nem sonhava com a velocidade da Internet, das redes sociais, de onde, certamente, saem poesias, poetas e outras belezas.
Drummond fala também da velocidade do tempo, da vida. Lembra-se de coisas do tempo de criança como se tivessem acontecido há minutos atrás. Mas isso, não o assusta. O que o preocupa, e faz com que manifeste seu pessimismo, são as bombas atômicas e outras explosões menores. Nosso poeta maior não conheceu as tragédias nucleares provocadas por tsunamis e terremotos. Mas tinha a percepção e a sensibilidade própria dos poetas.
Milton Nascimento, outro grande mineiro – e os mineiros são grandiosos justamente porque não são pequenos – musicou um poema de Drummond: Canção Amiga. Vamos ver e ouvir essa maravilha. Tem tudo a ver com o que Drummond diz na entrevista. Inclusive esses belos versos a seguir:
“Eu preparo uma canção que faça acordar os homens e adormecer as crianças”.
Então, fiquemos acordados, nesta noite de sábado, de olhos bem abertos, enquanto dormem as crianças. O amanhã, que por acaso será um domingo, poderá ser bem melhor.
(Incrível a velocidade do tempo. Quando postei esse texto, já estávamos no domingo. Então, fica o dito pelo não dito, afinal eu não dormi ainda, por isso hoje continua sendo sábado. Boa Noite).
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