sexta-feira, 10 de junho de 2011

Jornalista encontra Fernando Pessoa em Lisboa

Mara e Maranhão Viegas, durante almoço em Lisboa
 Maranhão Viegas – jornalista, poeta, escritor, roteirista e, principalmente, amigo – está viajando há alguns dias pela Europa. Tem nos presenteado com seus belos textos em forma de diários de bordo. Já publiquei neste blog um crônica do Maranhão – aquele repórter da época do Césio 137, que acabou virando notícia em Campo Grande (para ler, clique aqui).
Para tristeza dele, e da Mara sua mulher – também jornalista e grande amiga –, ambos já estão retornando das merecidas férias, o que nos enche de alegria porque teremos de volta o convívio agradável e o apoio de comunicação sempre disponível e eficaz.
Maranhão relata suas últimas horas em Lisboa, antes de embarcar de volta para o Brasil. Portugal vive uma crise econômica de fortes repercussões na política, na administração e no cotidiano dos nossos patrícios e também dos brasileiros que moram e trabalham por lá. Felizmente, ainda não atingiu as áreas cultural e de turismo.
No seu diário de bordo, o jornalista nos conta de seu encontro com Fernando Pessoa (foto abaixo), num texto delicioso, que eu não poderia deixar de compartilhar com os amigos do blog. Esperamos que o casal tenha tido a oportunidade de um encontro, mesmo que casual e rápido, com Amália Rodrigues, pelas ruas de Lisboa.
Voltar para o Brasil deve ser muito bom. Mas, imagino que deixar a Europa não deve ser fácil. Sair de Lisboa, então... Para aliviar esse sofrimento dos amigos Maranhão e Mara, vamos ouvir um pouco da cantora portuguesa, na bela interpretação de Foi Deus. Com certeza, foi Ele quem propiciou ao Maranhão esse encontro casual nas ruas de Lisboa.


Encontro casual com Fernando Pessoa
(Por Maranhão Viegas, jornalista)

No Largo do Chiado, passei pela Rua da Misericórdia. Desci até a Rua do Alecrim e, em frente à Brasileira, encontrei Fernando Pessoa. Ele me chamou para sentar à mesa com ele. Estava sozinho, como se me esperasse há tempos.
Falou-me das coisas daqui. Dos seus três “eus” – Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. De como resiste ao tempo vendo o tempo passar numa Lisboa que se mostra modificada.
Mansamente me disse que já não vê velhos amigos. Lembrou de amores antigos, mas não demonstrou frustração. Falou-me do seu assombro com a pressa das pessoas e das coisas. Lamentou não ter alcançado a destreza dos Ipads, a velocidade da informação, a internet. Mas no momento seguinte, arrumando o chapéu e sorvendo um gole de jinja, agradeceu ao tempo pela longevidade dos seus versos.
Ouvi calado. Quase em prece. Como quem ouve uma divindade. Como quem faz uma oração.
Ele calou-se. O sol, os pombos, o homem do bar, as pedras da ladeira. O tempo a passar. Por trás dos óculos, Pessoa.
Antes de sair fiz uma última pergunta: Valeu a pena? Ao que ele, com um breve sorriso no canto da boca me respondeu: - Tudo vale a pena, se a alma não é pequena!

Um comentário:

  1. Maranhão Viegas, parabéns pelos seus textos.Concordo com você,Fernando Pessoa é um profeta.Passear pelo Largo do Chiado, visitar nossos patrícios, ouvir Amália Rodrigues, e tantas coisas em Lisboa que nos é referência do passado, é muito bom ! Brasileiros, podendo: Ir a Portugal é preciso.

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